Gala Solidária - 24 de outubro - 15€/pessoa para público em geral e 10€/pessoa para associados e seus familiares
Na sua rúbrica semanal, F. Perry Wilson, MD, MSCE, professor associado de Medicina e Saúde Pública em Yale, é explorada precisamente esta possibilidade: poderá o stress ser um novo fator de risco para o cancro?
Segundo Wilson, a sua própria esposa — a cirurgiã de cancro da mama Niamey Wilson — há muito tempo reconhece um padrão preocupante: muitas das suas pacientes mais jovens, sem historial familiar nem fatores genéticos identificáveis, desenvolvem cancro da mama após períodos de stress intenso. Casos de divórcio recente, luto ou ambientes profissionais altamente stressantes são recorrentes entre estas mulheres. Esta observação clínica levou à hipótese de que o stress possa estar diretamente ligado ao desenvolvimento de certos tipos de cancro.
Recentemente, um estudo veio aprofundar esta ligação. Publicado na JAMA Network Open, o artigo intitulado “Multilevel Stressors and Systemic and Tumor Immunity in Black and White Women With Breast Cancer”, liderado por Stefan Ambs, do National Cancer Institute, analisou em detalhe como o stress influencia o sistema imunitário e a biologia tumoral.
O estudo envolveu 121 mulheres com cancro da mama (principalmente em estadio 1 e 2), com uma idade média de 56 anos, incluindo 65 mulheres de raça branca e 56 mulheres de raça negra. Embora classificado como estudo de coorte, pode ser também considerado um estudo de “fenotipagem profunda”, dada a complexidade dos dados recolhidos. Foram analisados 92 marcadores imunológico-oncológicos e milhares de marcadores de ADN e ARN, tanto no sangue como nos tecidos tumorais e peritumorais.
A variável central do estudo era o nível de stress relatado pelas participantes, avaliado em quatro domínios distintos:
Estas fontes de stress foram correlacionadas com três grandes áreas:
Principais conclusões
De forma geral, níveis elevados de stress comprometem o sistema imunitário e criam condições mais favoráveis ao crescimento de células cancerígenas.
No que diz respeito ao sistema imunitário geral, o stress parece inicialmente aumentar a atividade imunitária — o que à partida seria benéfico — mas esse aumento não é eficaz no combate ao cancro. Por exemplo, verificou-se um aumento na produção de angiopoietinas, substâncias que promovem o crescimento de vasos sanguíneos. Como os tumores dependem de novos vasos sanguíneos para crescer, isto é claramente negativo. Na verdade, as angiopoietinas são frequentemente alvo de terapias anticancerígenas.
Relativamente ao microambiente imunitário local, ou seja, os tecidos em torno do tumor, a análise de ARN revelou alterações preocupantes. Houve um aumento de macrófagos M2, que inibem a resposta imunitária, e uma diminuição de células eficazes na destruição de células tumorais, como as células NK (natural killer) e os linfócitos T auxiliares foliculares. A analogia usada por Wilson é clara: o stress “despede os melhores detetives” do sistema imunitário e deixa apenas funcionários administrativos ineficazes.
Curiosamente, o estudo também revelou que níveis mais altos de stress estavam associados a uma maior carga mutacional tumoral — ou seja, mais erros genéticos no próprio tumor. Esta situação tem dois lados: por um lado, pode levar a um cancro mais agressivo; por outro, esses tumores podem ser mais sensíveis a terapias inovadoras, como os inibidores de checkpoint imunitário.
E agora?
Com base nestas descobertas, Wilson defende que está na altura de reconhecer o stress como um fator de risco real para o cancro. Embora seja fácil dizer aos doentes “evite o stress”, é muito mais difícil colocar isso em prática.
Estudos prévios sobre ioga e meditação mindfulness mostraram resultados encorajadores em doentes oncológicos. No entanto, cada pessoa deve encontrar o que resulta melhor para si: seja praticar desporto, estar com entes queridos, jogar videojogos ou simplesmente abrandar o ritmo da vida quotidiana.
O corpo — e o sistema imunitário — agradecerão.
VOLTARFonte: https://www.medscape.com/viewarticle/stress-new-cancer-risk-factor-2025a10004b8
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