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Crescimento Mamário: Cancro ou Coincidência em Mulher de 42 Anos?

2025-08-06

Crescimento Mamário: Cancro ou Coincidência em Mulher de 42 Anos?

Massa mamária enigmática em mulher de 42 anos levanta suspeitas de cancro, mas evolução clínica surpreende equipa médica.

Uma mulher de 42 anos apresentou uma massa mamária aumentada e atípica ao longo do tempo, o que inicialmente levantou suspeitas de uma condição grave, mas que acabou por se resolver espontaneamente. O exame físico inicial revelou ulcerações cutâneas e retração do mamilo, levantando suspeitas de carcinoma inflamatório da mama.

A biópsia revelou inflamação aguda e crónica, tecido tipo de granulação e granuloma focal com supuração, mas sem evidência de malignidade. Com o diagnóstico ainda incerto, foi pedido à paciente que regressasse dentro de um mês.

No entanto, aquando do seu regresso, a massa mamária e o gânglio linfático axilar positivo tinham diminuído significativamente de tamanho, com as áreas ulceradas a apresentarem sinais de cicatrização.

O caso, reportado por Junisha Martin, estudante de medicina na Ross University School of Medicine, em Miami, destacou a importância de considerar uma ampla gama de diagnósticos possíveis.

A Paciente e a Sua História Clínica

A paciente, sem antecedentes médicos significativos, apresentou uma massa de 4,5 cm em crescimento, ao longo de 2,5 meses, na mama direita. Revelou que, há 2 anos, tinha sentido um nódulo do tamanho de um limão na mesma mama, que persistiu durante cerca de 2 meses.

A massa era acompanhada por pequenas ulcerações superficiais na pele sobrejacente e desconforto ocasional. Na altura, a massa desapareceu por completo e não foi procurado qualquer tratamento médico. Seis meses depois, a massa reapareceu no mesmo local e aumentou de tamanho, com ulcerações na região da aréola.

A paciente recusou realizar uma mamografia nessa altura devido ao desconforto causado pela lesão areolar. O historial cirúrgico consistia em três cesarianas anteriores.

Nota: A salientar a atitude displicente desta mulher para com a sua saúde, assim como ter feito a “negação da doença”. Esta situação é mais comum do que se pensa. Teve sorte!!!

Negou alergias, tabagismo, viagens recentes, animais de estimação em casa ou uso de cremes e pomadas tópicas na área afetada. Também negou historial familiar ou social significativo.

Exames e Diagnóstico

Na admissão, os sinais vitais estavam dentro dos parâmetros normais: temperatura 36,8 °C, tensão arterial 132/88 mm Hg, frequência cardíaca 84 bpm, frequência respiratória 19 rpm e saturação de oxigénio de 99% em ar ambiente. Estava alerta e sem sinais de sofrimento agudo ao exame físico.

O exame físico revelou que a grande massa mamária direita tinha diminuído significativamente de tamanho. Media agora 3 cm (anteriormente 4,5 cm), era não dolorosa, com ligeira retração do mamilo, ulcerações em fase de cicatrização e descoloração da pele em melhoria.

Foi agendada uma biópsia core guiada por ecografia da mama direita e do gânglio linfático axilar direito, devido à elevada suspeita de malignidade, em vez de citologia por aspiração com agulha fina. A biópsia core da mama direita às 12:00 revelou inflamação aguda e crónica, tecido tipo de granulação e granuloma focal com supuração.

Os testes imunohistoquímicos foram negativos para carcinoma. A biópsia do gânglio linfático axilar direito revelou histiocitose sinusal e linfadenite aguda não específica, sem evidência de malignidade.

Na consulta de seguimento, uma semana depois, a paciente referia sentir-se bem, com ligeira sensibilidade no local da biópsia. Exames físicos repetidos foram consistentes com uma massa mamária areolar em crescimento, com ulcerações cutâneas e retração do mamilo.

A mama direita apresentava sensibilidade moderada à palpação. Devido à discrepância entre o relatório da patologia e o exame físico, recomendou-se nova biópsia guiada por ecografia para melhor orientação.

Não foram prescritos medicamentos, e adotou-se uma abordagem conservadora, uma vez que o diagnóstico final não estava confirmado. Após nova biópsia, o exame físico revelou uma redução significativa da massa mamária direita.

A diminuição do tamanho da lesão (efeito de massa), a redução do tamanho do gânglio linfático e o aspeto de cicatrização da úlcera afastaram o diagnóstico de carcinoma inflamatório da mama, levando o médico a suspeitar de uma etiologia idiopática, em vez de uma causa inflamatória ou infeciosa. Foi estabelecida uma abordagem multidisciplinar, com médico de cuidados primários e cirurgião, para acompanhamento caso surgissem sinais de progressão da doença.

Conclusão

“Este caso ilustra os desafios diagnósticos das lesões inflamatórias da mama com apresentações clínicas sobrepostas. Embora os exames iniciais sugerissem carcinoma inflamatório da mama, os resultados da biópsia foram negativos para malignidade, apontando para uma etiologia inflamatória ou infeciosa benigna, como mastite granulomatosa idiopática ou doença da arranhadura do gato. A melhoria espontânea com tratamento conservador reforçou a exclusão de um processo maligno.

Este caso reforça a necessidade de colaboração interdisciplinar, e a investigação adicional de patologias inflamatórias mamárias é fundamental. Manter uma perspetiva aberta e integrar todos os dados disponíveis são essenciais na avaliação de massas mamárias, facilitando o diagnóstico atempado e evitando tratamentos agressivos desnecessários. O caso terminou sem um diagnóstico definitivo, realçando a importância de uma gestão flexível guiada pela melhoria clínica em apresentações complexas,” escreveram os autores.

Fonte: https://www.medscape.com/viewarticle/breast-growth-cancer-or-coincidence-42-year-old-2025a1000j6h

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