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A resposta provável é o preconceito relacionado com o peso. Caso contrário, porque razão não se discutiriam medicamentos e cirurgias que resultam em perdas médias de peso corporal de 15% a 20% no contexto da prevenção primária do cancro ou na prevenção da sua recorrência?
Existem vários tipos de cancro cujo risco de incidência aumenta e diminui proporcionalmente ao peso corporal. Por exemplo, o cancro da mama, cujo esforço de prevenção e tratamento é amplamente divulgado pelos media, por fundações e associações de apoio ao cancro da mama, por organizações médicas e por médicos individuais.
Cancro da Mama e Obesidade
Com base em dados de revisão disponíveis, o rácio de risco (hazard ratio - HR) para mulheres pós-menopáusicas com obesidade desenvolverem cancro da mama com recetores hormonais positivos varia aproximadamente entre 1,33 e 1,74, sendo que um índice de massa corporal (IMC) mais elevado confere um risco acrescido. Um outro estudo estimou que o risco de cancro da mama com recetores hormonais positivos aumenta cerca de 12% por cada incremento de 5 pontos no IMC em mulheres pós-menopáusicas. O mesmo estudo também relatou um aumento de risco, proporcional ao peso, para cancros do esófago, cólon, rim, tiróide, endométrio, vesícula biliar, recto e pâncreas, bem como para o mieloma múltiplo, linfoma não-Hodgkin e leucemia.
Voltando ao cancro da mama, qual é a relação entre recorrência e peso? Um estudo recente com mais de 13.000 mulheres com cancro da mama com recetores hormonais positivos revelou que o HR para recorrência em mulheres pós-menopáusicas aumentava se estas tivessem obesidade (1,18), e aumentava ainda mais com obesidade severa (1,32).
Perda de Peso Reduz o Risco?
Dado que a obesidade aumenta claramente o risco de cancro da mama e da sua recorrência, será que a perda de peso intencional reduz esse risco? Os dados da cirurgia bariátrica sustentam fortemente essa hipótese. O HR para mulheres pós-menopáusicas com obesidade severa desenvolverem cancro da mama com recetores de estrogénio positivos foi de impressionantes 0,52 entre as que foram submetidas a cirurgia bariátrica, em comparação com um grupo de controlo equivalente.
Em relação a estudos sobre perda de peso não cirúrgica e o risco de cancro da mama, embora as perdas sustentadas sejam substancialmente menores do que com a cirurgia, parece que mesmo perdas pequenas e sustentadas são protetoras contra o cancro da mama. Uma análise combinada de estudos prospetivos em mulheres pós-menopáusicas concluiu que, comparadas com mulheres com peso estável (±2 kg), aquelas com perda de peso sustentada tinham um menor risco de desenvolver cancro da mama: 2–4,5 kg de perda associaram-se a um HR de 0,82; 4,5–9 kg a um HR de 0,75; e mais de 9 kg a um HR de 0,68.
Tanto a perda de peso sustentada por via cirúrgica como comportamental reduzem significativamente o risco de cancro da mama, o que sugere fortemente que o risco está diretamente relacionado com o excesso de adiposidade — e não com a cirurgia em si. Assim, não há razão para acreditar que perdas de peso farmacologicamente induzidas não confeririam os mesmos benefícios. Esta ideia é reforçada por um estudo publicado recentemente que não encontrou diferenças na redução da incidência de cancros relacionados com o peso entre pacientes submetidos a cirurgia bariátrica e aqueles tratados com agonistas dos recetores do péptido 1 semelhante ao glucagom (GLP-1).
E as Recomendações Oficiais?
O que dizem, então, as organizações dedicadas ao cancro da mama e as entidades médicas sobre o peso e a perda sustentada de peso nos seus materiais? Muito pouco. E sobre o uso de medicamentos altamente eficazes para a obesidade ou cirurgia bariátrica? Absolutamente nada.
A Breast Cancer Research Foundation fornece a informação pública mais detalhada sobre os riscos da obesidade e os benefícios da perda de peso. Contudo, nem esta menciona medicamentos ou cirurgia como opções viáveis.
Entre os documentos dirigidos a profissionais de saúde, o mais completo é o da National Comprehensive Cancer Network: o guia de prática clínica para 2025 com 65 páginas que destaca extensivamente os riscos da obesidade e os benefícios da perda de peso. No entanto, não se aborda como aconselhar pacientes, nem se mencionam os medicamentos eficazes atualmente disponíveis, nem a cirurgia bariátrica.
Conclusão: O Papel do Preconceito
Se estiver tentado a justificar a omissão de medicamentos contra a obesidade com o argumento de que os seus efeitos sobre o risco de cancro ainda não estão comprovados, lembre-se que a cirurgia bariátrica — também ignorada — já demonstrou de forma conclusiva melhorar a quantidade e qualidade de vida, além de reduzir drasticamente o risco de cancro da mama.
Tendo em conta a magnitude do risco associado à obesidade e os benefícios da sua redução sustentada — aliados aos resultados de ensaios clínicos de longa duração que demonstram a eficácia dos medicamentos e da cirurgia bariátrica — é difícil imaginar outra razão para a sua omissão além do preconceito em relação ao peso. Mesmo que apenas fosse para recomendar que se discuta com o médico a possibilidade de uso dessas ferramentas, já seria um progresso.
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