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Estratégias Inovadoras para Gerir os Efeitos Secundários do Tratamento do Cancro da Mama

2025-10-14

Estratégias Inovadoras para Gerir os Efeitos Secundários do Tratamento do Cancro da Mama

Novas abordagens para reduzir efeitos secundários e melhorar a qualidade de vida após o tratamento do cancro da mama.

O tratamento do cancro da mama tem evoluído significativamente, não apenas no controlo da doença, mas também na gestão dos seus efeitos secundários. Diversos estudos recentes têm revelado estratégias inovadoras que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas em tratamento e sobreviventes de cancro da mama.

Uma das áreas de investigação mais promissoras está relacionada com a prevenção da neuropatia associada à quimioterapia baseada em taxanos. Este é um problema frequente em doentes que recebem fármacos como o paclitaxel e o docetaxel. O estudo POLAR, um grande ensaio aleatório, comparou duas abordagens para reduzir o risco de neuropatia periférica durante a quimioterapia: o uso de luvas ou mitenes congeladas e o uso de luvas cirúrgicas apertadas.

No estudo, foram utilizadas luvas cirúrgicas semelhantes às usadas em ambiente hospitalar, escolhidas de acordo com o tamanho da mão da pessoa, mas reduzindo um número em relação ao habitual. Os resultados mostraram que, em mulheres submetidas a quimioterapia baseada em taxanos, a proteção da mão dominante com mitenes frias ou luvas apertadas reduziu significativamente a probabilidade de desenvolver neuropatia, em comparação com a outra mão. Esta estratégia está a ser cada vez mais considerada em regimes como o paclitaxel semanal, docetaxel com ciclofosfamida ou o esquema TCHP, como forma de minimizar este efeito adverso.

Outra inovação importante prende-se com o uso de toucas frias ou arrefecimento do couro cabeludo para prevenir a queda de cabelo. Esta prática tem ganho popularidade e é cada vez mais utilizada em programas de oncologia. Apesar de não ser eficaz em todos os casos — sobretudo em tratamentos que incluem antraciclinas, que continuam a causar alopécia significativa —, mostra bons resultados em terapias não antraciclínicas, geralmente baseadas em taxanos.

Atualmente, uma questão em estudo é se estas toucas podem ser eficazes com novos fármacos, como os conjugados anticorpo-fármaco. Um estudo recente apresentado na ASCO avaliou o uso de toucas frias durante o tratamento com trastuzumab deruxtecano (T-DXd). Contudo, devido à libertação prolongada do componente quimioterápico, não se observou uma proteção significativa contra a alopécia. Os resultados mostraram que o uso das toucas não alterou a taxa de queda de cabelo relevante, sugerindo que, neste contexto, a sua utilização pode não ser benéfica.

Outro avanço apresentado na ASCO foi o ensaio clínico aleatório OASIS-4, que avaliou o fármaco elinzanetant, um novo agente oral que atua sobre o recetor NK1, semelhante ao medicamento já aprovado pela FDA, Veozah. O estudo incluiu mulheres com cancro da mama em fase inicial, em tratamento adjuvante com terapias endócrinas como o tamoxifeno, inibidores da aromatase ou em combinação com supressão da função ovárica. Os afrontamentos (ondas de calor) são um dos efeitos secundários mais frequentes e incómodos destes tratamentos.

As participantes apresentavam uma média de cerca de doze episódios de afrontamentos incapacitantes por dia. O tratamento com elinzanetant demonstrou uma redução acentuada na intensidade e frequência dos sintomas, diminuindo para cerca de seis episódios diários, comparativamente ao grupo placebo, que também registou melhorias, mas de forma menos significativa. O estudo comprovou que o elinzanetant pode proporcionar um alívio eficaz dos sintomas vasomotores, melhorar a qualidade de vida e reduzir as perturbações do sono associadas à terapêutica hormonal.

Por fim, novos dados sobre a segurança da amamentação após um diagnóstico de cancro da mama também foram divulgados. O estudo POSITIVE demonstrou que mulheres que interrompem temporariamente a terapêutica endócrina adjuvante durante 1,5 a 2 anos para engravidar têm resultados semelhantes aos das mulheres que não engravidam, sugerindo que essa pausa pode ser segura para a conceção e parto.

Uma questão frequente é se é seguro amamentar após o diagnóstico. Embora nem todas as mulheres o possam fazer — devido a mastectomias bilaterais ou a cirurgias e radioterapia que afetam a produção de leite —, os dados de um grande registo internacional indicam que amamentar após o cancro da mama não aumenta o risco de recorrência. As mulheres que optaram por amamentar apresentaram resultados clínicos semelhantes aos das que não o fizeram, desde que não estivessem sob terapêutica endócrina ou outros tratamentos oncológicos no momento.

Estas investigações reforçam a importância de uma abordagem centrada na pessoa em todas as fases do tratamento do cancro da mama — desde a prevenção dos efeitos secundários até ao acompanhamento da maternidade e qualidade de vida após a recuperação.

Fonte: https://www.medscape.com/viewarticle/managing-breast-cancer-treatment-side-effects-2025a1000mwy

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