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O exercício pode ajudar a proteger contra a fadiga e a depressão associadas ao cancro

2025-05-27

O exercício pode ajudar a proteger contra a fadiga e a depressão associadas ao cancro

A fadiga persistente e a depressão são mais comuns entre as mulheres sobreviventes de cancro do que entre os homens.

A fadiga persistente e a depressão são mais comuns entre as mulheres sobreviventes de cancro do que entre os homens, e muitas vezes levam a uma diminuição das atividades físicas recreativas em todos os pacientes, segundo novos dados apresentados.

Contudo, a atividade física moderada esteve associada a um risco quase 50% menor de fadiga relacionada com o cancro, e tanto a atividade física moderada como a vigorosa estiveram associadas a uma redução de duas a cinco vezes no risco de depressão entre os sobreviventes de cancro, de acordo com a análise apresentada na Reunião Anual de 2025 da Associação Americana para a Investigação do Cancro (AACR, na sigla em inglês).

As conclusões “reforçam a importância de prestar especial atenção e implementar intervenções personalizadas, como programas de exercício, grupos de apoio e técnicas comportamentais mente-corpo, para grupos vulneráveis, de forma a ajudar a gerir eficazmente a fadiga e melhorar a participação em atividades recreativas, que são um aspeto essencial da qualidade de vida”, afirmou Simo Du, médica residente no NYC Health + Hospitals e no Jacobi Medical Center/Albert Einstein College of Medicine, na cidade de Nova Iorque, num comunicado de imprensa.

Du referiu que, durante o seu internato, a fadiga relacionada com o cancro era uma queixa comum entre os pacientes, afetando “não só as atividades do dia a dia, mas também a qualidade de vida e a saúde mental no geral, tornando tarefas como subir escadas, fazer compras ou tratar da roupa demasiado exigentes.”

A fadiga associada ao cancro afeta mais de 80% dos pacientes que recebem quimioterapia ou radioterapia, enquanto a depressão afeta cerca de 25%. Ao contrário da fadiga comum, a fadiga relacionada com o cancro pode persistir durante semanas, meses ou até anos após o tratamento, explicou Du.

Apesar da sua elevada prevalência, a fadiga relacionada com o cancro continua a ser “negligenciada e subtratada”, salientou Du durante uma conferência de imprensa. Além disso, pode afetar homens e mulheres de forma diferente.

Para investigar mais a fundo, Du e os seus colegas analisaram dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) de 1552 sobreviventes de cancro (736 homens e 816 mulheres).

Após ajustarem os dados por idade, raça, estatuto socioeconómico e comorbilidades, verificou-se que as mulheres sobreviventes de cancro tinham maior probabilidade de sofrer de fadiga (razão de probabilidades [OR], 1,54; P < .017) e depressão (OR, 1,32; P = .341) relacionadas com o cancro, em comparação com os homens.

Du afirmou que é provável que existam múltiplas razões por detrás destas diferenças entre sexos.

As mulheres, por exemplo, podem ter maior probabilidade de sofrer efeitos secundários da quimioterapia, radioterapia e do uso prolongado de tratamentos endócrinos, devido a uma eliminação mais lenta dos medicamentos, o que pode levar a concentrações mais elevadas no organismo e a uma resposta imunitária mais forte, agravando os efeitos secundários inflamatórios.

Na análise de regressão logística multivariada, a fadiga (OR, 1,93; P = .002) e a depressão (OR, 2,28; P = .011) estavam fortemente associadas à redução da prática de atividades recreativas moderadas, como caminhada rápida, ciclismo, golfe e jardinagem ligeira.

Os dados também mostraram um efeito protetor da atividade física. Nos pacientes que praticavam atividade física moderada, o risco de fadiga relacionada com o cancro (OR, 0,52; P = .002) e de depressão (OR, 0,41; P = .006) foi significativamente reduzido, relatou Du.

No caso da depressão (mas não da fadiga), “quanto maior a intensidade da atividade física, maiores os efeitos protetores, com uma redução quase 4 a 5 vezes no risco de depressão”, observou Du.

Embora o NHANES utilize protocolos padronizados concebidos para minimizar enviesamentos, Du referiu que uma limitação do estudo é o uso de dados autorreportados e o facto das mulheres poderem reportar mais sintomas de fadiga e os homens, por outro lado, subreportarem sintomas de depressão.

Para o futuro, Du e a sua equipa estão a planear estudos para avaliar a eficácia de intervenções personalizadas na fadiga relacionada com o cancro e explorar a ligação entre essa fadiga e diferentes mecanismos, como os marcadores inflamatórios, para ver se o sexo biológico modifica a associação.

Comentando o estudo para o Medscape Medical News, Jennifer Ligibel, médica sénior no Dana-Farber Cancer Institute em Boston, afirmou que, sendo o conjunto de dados transversal, não é claro se as pessoas estavam mais cansadas porque não praticavam exercício ou se deixaram de praticar exercício por estarem mais cansadas.

Contudo, explicou Ligibel, existe uma vasta literatura que demonstra que o exercício é “o remédio mais eficaz contra a fadiga” e, provavelmente, ajuda também na depressão.

Na verdade, numa sondagem recente da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), um pouco mais de metade dos doentes com cancro relataram que o seu oncologista abordou o tema do exercício físico e da alimentação durante as consultas. As recomendações dos profissionais de saúde para exercício e dieta estiveram associadas a mudanças positivas nesses comportamentos.

“Cerca de metade dos oncologistas dá atualmente conselhos sobre exercício; esse número é muito superior ao de há alguns anos, mas ainda não é universal”, concluiu Ligibel.

Fonte: https://www.medscape.com/viewarticle/exercise-can-help-protect-against-cancer-fatigue-depression-2025a1000atc

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