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Num grande estudo observacional, os novos utilizadores de agonistas do GLP-1 com obesidade e diabetes apresentaram um risco significativamente mais baixo para 14 tipos de cancro associados à obesidade, em comparação com indivíduos semelhantes que receberam inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4), medicamentos que são neutros em relação ao peso.
Este estudo fornece um “sinal de segurança tranquilizador” ao mostrar que os medicamentos GLP-1 estão associados a uma ligeira redução do risco de cancro relacionado com a obesidade, e não a um risco acrescido, afirmou o investigador principal Lucas Mavromatis, estudante de medicina na NYU Grossman School of Medicine, em Nova Iorque, durante uma conferência de imprensa na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) 2025.
No entanto, os resultados apresentaram algumas nuances. O efeito protetor dos agonistas do GLP-1 foi significativo apenas para cancros do cólon e do reto e apenas em mulheres, referiu Mavromatis. E embora os utilizadores de GLP-1 tivessem um risco 8% mais baixo de morte por qualquer causa, o benefício em termos de sobrevivência também foi significativo apenas para mulheres.
Ainda assim, a “mensagem global para os doentes é que os tratamentos com agonistas do recetor GLP-1 continuam a ser uma opção forte para pessoas com diabetes e obesidade, podendo ter um pequeno benefício adicional na prevenção do cancro”, explicou Mavromatis na conferência de imprensa.
"Hipótese Intrigante"
A obesidade está associada a um risco aumentado de desenvolvimento de mais de uma dúzia de tipos de cancro, incluindo esófago, cólon, reto, estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, rins, mama pós-menopausa, ovários, endométrio e tiroide, bem como mieloma múltiplo e meningiomas.
Cerca de 12% dos americanos já receberam uma prescrição de medicamentos GLP-1 para tratar a diabetes e/ou obesidade. Contudo, pouco se sabe sobre como estes medicamentos afetam o risco de cancro.
Para a investigação, Mavromatis e colegas utilizaram a base de dados de saúde da Optum para identificar 170.030 adultos com obesidade e diabetes tipo 2 provenientes de 43 sistemas de saúde nos Estados Unidos.
Entre 2013 e 2023, metade dos participantes iniciou tratamento com um agonista do GLP-1 e a outra metade com um inibidor da DPP-4, sendo utilizado o método de emparelhamento por escore de propensão para equilibrar as características dos dois grupos.
Os participantes tinham, em média, 56,8 anos de idade, com um índice de massa corporal médio de 38,5; mais de 70% eram de raça branca e mais de 14% eram de raça negra.
Durante um seguimento médio de 3,9 anos, foram identificados 2501 novos casos de cancro relacionado com a obesidade no grupo GLP-1 e 2671 no grupo DPP-4 — representando uma redução global de 7% no risco de qualquer cancro associado à obesidade no grupo GLP-1 (razão de risco [RR], 0,93).
Ao analisar separadamente cada um dos 14 tipos de cancro relacionados com a obesidade, a associação protetora entre o uso de GLP-1 e o cancro foi impulsionada principalmente pelos cancros do cólon e do reto. Os utilizadores de GLP-1 tiveram um risco 16% mais baixo de cancro do cólon (RR, 0,84) e um risco 28% mais baixo de cancro do reto (RR, 0,72).
“Não foram observadas associações estatisticamente significativas com outros tipos de cancro em relação ao uso de GLP-1,” disse Mavromatis aos presentes na conferência. Mas “importa salientar que também não houve associações adversas estatisticamente significativas com o uso de GLP-1,” acrescentou.
Alguns especialistas expressaram preocupação sobre uma possível ligação entre o uso de GLP-1 e o cancro do pâncreas, dado que a pancreatite é um efeito secundário conhecido destes medicamentos. No entanto, “isso não é confirmado pelos dados epidemiológicos,” afirmou Mavromatis.
“Adicionalmente, não conseguimos avaliar especificamente o carcinoma medular da tiroide, que aparece nos avisos de vários medicamentos GLP-1, mas observámos uma ausência tranquilizadora de associação entre o uso de GLP-1 e o cancro da tiroide como um todo,” acrescentou.
Durante o acompanhamento, registaram-se 2783 mortes no grupo GLP-1 e 2961 no grupo DPP-4 — o que se traduz numa redução de 8% no risco de morte por qualquer causa entre os utilizadores de GLP-1 (RR, 0,92; P = 0,001).
Mavromatis e colegas observaram também diferenças entre os sexos. As mulheres que tomavam GLP-1 apresentaram um risco 8% menor de cancros relacionados com a obesidade (RR, 0,92; P = 0,01) e um risco 20% menor de morte por qualquer causa (RR, 0,80; P < 0,001) em comparação com as mulheres que tomavam inibidores de DPP-4.
Entre os homens, os investigadores não encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos GLP-1 e DPP-4 no risco de cancro relacionado com a obesidade (RR, 0,95; P = 0,29) ou mortalidade por todas as causas (RR, 1,04; P = 0,34).
No geral, Mavromatis referiu que é importante notar que a redução absoluta do risco observada no estudo é “pequena, e o número de doentes que precisariam de receber um destes medicamentos para prevenir um caso de cancro relacionado com a obesidade, com base nos nossos dados, seria muito elevado.”
Mavromatis salientou ainda que o período de seguimento foi curto e que o estudo avaliou principalmente agonistas do GLP-1 mais antigos e menos potentes, em comparação com os agentes mais recentes disponíveis no mercado. Por isso, são necessários estudos de longo prazo com os novos GLP-1 para confirmar os efeitos observados e a sua segurança.
Numa declaração, a presidente da ASCO, Dra. Robin Zon, afirmou que este estudo levanta a “hipótese intrigante” de que os medicamentos GLP-1, cada vez mais populares, possam oferecer algum benefício na redução do risco de desenvolvimento de cancro.
Zon disse que acompanha muitos doentes com obesidade, e que, dada a clara ligação entre cancro e obesidade, definir o papel clínico dos medicamentos GLP-1 na prevenção do cancro é “importante.”
Este estudo “leva-nos na direção” de um possível efeito protetor dos GLP-1 contra o cancro, mas “levanta muitas questões, especialmente à medida que avançamos e pensamos na prevenção dos cancros,” afirmou Zon na conferência.
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